domingo, 17 de fevereiro de 2013

Por uma vida sem padrões

Para quem estava curioso para saber o que houve com John Silver após seu recente sumiço, aconselho: não perca seu tempo, assim é esse pirata, some e aparece quando deseja! Desta vez não demorou muito a ele me dar um retorno por e-mail.
Aproveito a deixa para dizer que essa história me lembra muito uma conversa que tive com MC Durango Kid, vulgo Marcelo Moraes. Durango, indignado com a minha crítica às vestimentas de um cidadão no Campus da Praia Vermelha, na UFRJ, enquanto passávamos nas salas para dar algum recado do movimento estudantil, certamente ofuscado pelo ensinamento do camarada, tendo em vista que nem me lembro o que era, disse-me:
"Que isso, cara! Quantas pessoas no mundo se vestem como você, de calça jeans e camisa pólo? Será que estão todas felizes?", disse ele. Estou seguro que não! A história de Long John desenvolve um pouco esse ponto de vista:

"Caro Marujo,

Quer dizer que agora você aceita que qualquer trapo falante escreva para o seu blog? Cão Preto é um sujeito sem alma! Não que a minha seja das mais puras! ho ho ho. Mas, em parte, o que ele diz está certo. Parti do Rio de Janeiro sem um troco sequer, e parei na casa de um velho pintor. Ele, que mora com a mulher na mesma grande casa há muitos anos, contou-me a história de sua vida.
A casa, com um quintal grande com muitas árvores é, sem dúvida, um bom lugar para se ter uma vida pacata. Não é o caso desse velho pirata que vos fala! Com certeza não! Mas aquele velho, nem sempre pacato, parece muito íntimo ao seu lar.
A mulher que sempre trabalhou. Ela é dessas que ensinam o que sabem aos pequenos. Ele se lamenta de ser acusado pela família de não fazer a mesma coisa. "Nunca trabalhou, pode isso?" teria dito um ainda mais velho! Mas não era verdade, ele já havia trabalhado. Mas não conseguiu, não era ele! "Se ele pintasse uns quadros que se pudesse botar na parede!", também se ouviu!. Estranhei, afinal eram pinturas de maravilhar até o Cão Preto, aquele verme! Mas o colorido de suas obras não combina com as cores duras do navio, ou de uma sala de estar! O velho nunca fez de sua arte um ofício. Aquele seu amigo barbudo diria que ele só vê valor-de-uso em suas obras, não valor-de-troca.
Seu conflito o levou a alguns erros. Sua condição, para muitos inviável, o levou a se perturbar. 
Mas o "Estraga", como ficou conhecido, meio que sem querer, também ensina muita coisa bonita aos pequenos. Talvez por ele ser um tanto pequenino também. Antes de ir embora ele me mostrou um de seus quadros. Um menino subia uma escada a fim de entregar a pipa ao homem sem rosto. A pipa lhe salvaria. Penso que nós piratas não temos esse problema, esse menino nos traz até pipas demais, meu caro! Mas é um grande ensinamento aos homens sem rosto. Parabéns ao Estraga!

Até logo, marujo!
John Silver"

Um comentário:

  1. Talvez sirva para um certo cronista, que faz da sua arte um desaguadouro de ansiedades e uma vitrine da sua visão de mundo! Não pare de escrever...! ;)

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